segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mercado financeiro já não acredita mais em alta dos juros em 2013 (Postado por Lucas Pinheiro)

 Os economistas do mercado financeiro deixaram de acreditar, na semana passada, que a taxa básica de juros da economia brasileira será elevada em 2013, informou o Banco Central nesta segunda-feira (12), por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. O documento é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

A previsão do mercado é de que os juros permaneçam no atual patamar de 7,25% ao ano (mínima histórica) até janeiro de 2014, quando avançariam para 7,75% ao ano. Em março de 2014, os juros subiriam para 8% ao ano e, em abril daquele ano, para 8,25% ao ano, preveem os analistas dos bancos.

 A expectativa anterior do mercado financeiro, coletada na semana retrasada, era de que os juros voltariam a subir em outubro do ano que vem - quando a taxa avançaria para 7,5% ao ano. Em 5 de outubro deste ano, há pouco mais de um mês atrás, a previsão da maior parte dos analistas dos bancos era de que os juros básicos da economia retomariam uma trajetória de crescimento a partir de janeiro do ano que vem, quando subiriam para 7,5% ao ano.

Mudança na percepção do mercado
A mudança na percepção do mercado financeiro sobre o início do ciclo de alta dos juros aconteceu após o BC ter baixado os juros para 7,25% ao ano neste mês, quando parte do mercado acreditava em manutenção da taxa , e ter informado que os juros deveriam permanecer estáveis por um "período suficientemente prolongado" de tempo. A ata do Copom informou, em outubro, que o corte de juros do início deste mês deveria ser o "último".

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Em 2011, o IPCA ficou em 6,50% - no teto do sistema de metas do governo brasileiro. Para este ano, a previsão dos economistas é de que a inflação some 5,45%, novamente acima da meta central de 4,5%. O BC informou recentemente, porém, que o crescimento da inflação neste ano está relacionado com a alta das "commodities" (preços de produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo, por exemplo) e que, por isso, estaria buscando convergência da inflação para a meta "de forma não linear" (em anos subsequentes, e não em 2012).

Inflação
Para a inflação, a expectativa do mercado financeiro, coletada na pesquisa Focus da última semana, divulgada nesta segunda-feira pelo BC, passou de 5,44% para 5,46% para 2012. Na semana anterior, havia registrado a primeira queda em 16 semanas. Para 2013, a estimativa dos analistas dos bancos para a inflação permaneceu estável em 5,40%.

Crescimento do PIB
A estimativa do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, por sua vez, permaneceu estável em 1,54% na última semana. Para 2013, a previsão dos analistas do mercado permaneceu em 4% de expansão.

Se confirmado, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano será o pior desde 2009, quando o país sentia os efeitos da primeira etapa da crise financeira internacional. Naquela ocasião, o PIB registrou retração de 0,3%.

Para a produção industrial, entretanto, a estimativa de crescimento, dos analistas dos bancos, recuou em 2012. Neste ano, a previsão de queda passou de 2,31% para 2,32%. Já em 2013, a expectativa de crescimento recuou de 4,15% para 4,10%.

Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2012 permaneceu em R$ 2,02 por dólar. Para o fechamento de 2013, a estimativa ficou inalterada em R$ 2,01 por dólar.

A projeção dos economistas do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2012 subiu de US$ 18,20 bilhões para US$ 18,90 bilhões na semana passada. Para 2013, a previsão do mercado para o saldo positivo da balança comercial brasileira avançou de US$ 15 bilhões para US$ 15,43 bilhões.

Para 2012, a projeção de entrada de investimentos no Brasil ficou inalterada em US$ 60 bilhões. Para 2013, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros permaneceu estável também em US$ 60 bilhões na última semana.